sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A mais pura verdade

Já faz um tempo que li uma entrevista com a Monica Martelli em que ela falava de uma amiga que estava fazendo dieta há dez anos e nunca emagrecia. Eis que um dia ela encontrou essa amiga num shopping atracada num pacote de jujubas.

E aí, mais uma vez, eu entendi meu erro e de muitos, ao longo de todas as tentativas de perder peso. Eu fazia dieta pros outros, e não pra mim. Nunca me convenci de que aquilo realmente era uma necessidade MINHA, mas sempre achei que seria socialmente mais aceita se tentasse convencer os outros de que estava me esforçando. Comia frango grelhado com salada verde na frente dos outros, mas depois comia uma barrinha de diamante negro escondida. E três bonos. E um sanduíche. E duas bolinhas de sorvete. Assim mesmo, pingadinho, e ia perdendo a contabilidade das calorias. E me enganando de que "amanhã eu recupero".

Inspiração da semana


Jennifer Hudson, a musa dos Vigilantees do Peso.

O Método

O método do Vigilantes do Peso é muito simples e estima a perda de até 1 kg por semana – cada pessoa tem uma quota diária de pontos (ProPontos, na liguagem deles) para consumir por dia. Não é recomendado consumir menos que essa quota, pois pode prejudicar o seu emagrecimento, e eventuais pontos que sobrarem não podem ser consumidos no dia seguinte.

A quota diária é calculada pela sua orientadora logo após a primeira reunião e leva em consideração a idade e peso de cada um. A cada aniversário, ou a cada 6 kg que você perder, a sua quota diária é recalculada. No meu caso, devo consumir 29 pontos por dia.

À essa quota diária, somam-se os Pontos Extras e os Pontos Ativos.

Todos os participantes tem 49 Pontos Extras por semana, que podem ser divididos ao longo da semana ou consumidos em um único dia – em uma festa, por exemplo. O consumo desses Pontos Extra não prejudica o emagrecimento, mas a pessoa pode optar por um emagrecimento mais rápido e não usa-los.

Os Pontos Ativos são gerados por atividades físicas e, portanto, variam de acordo com o tempo e intensidade do exercício praticado. A pessoa tem um prazo de 24 horas para consumir os Pontos Ativos. Assim como no caso dos Pontos Extras, o consumo dos Pontos Ativos não é obrigatório.

Estou fazendo o programa há duas semanas e as principais vantagens que identifiquei foram:

Flexibilidade do Programa: Ninguém entende melhor da sua rotina do que você. Logo, você deverá distribuir os pontos ao longo do seu dia da forma como você entender melhor, e adaptar esta distribuição caso haja imprevistos. Todas as vezes que fui a nutricionistas, elas quase me enforcavam quando eu, com muita vergonha, confessava que havia comido um pão de queijo em uma reunião interminável ou um pedaço de pizza em uma madrugada de trabalho. Me perguntavam por que eu não tinha previsto aquele momento e saído de casa com 28 opções de lanches saudáveis possíveis. O que para elas era crime, no Vigilantes não é – eu posso adaptar a distribuição dos meus pontos de maneira a não extrapolar minha quota diária, mas sem fazer grandes privações.

Frutas livres: E naquele dia em que você está desesperado de fome? Ou teve um imprevisto e emburacou em uma comida com um milhão de pontos? O programa do Vigilantes prevê que as frutas (exceto o abacate, frutas secas e cristalizadas) tem ZERO pontos. Isso mesmo, você pode comer sem peso na consciência. Está com fome? Come uma banana! Ficou acordado até mais tarde do que o normal e ainda tem a mania de atacar a geladeira? Que tal uvas ou cerejas – elas certamente vão saciar a sua vontade de beliscar.

Acompanhamento semanal: O Vigilantes recomenda que você compareça a uma reunião – mesmo que só para se pesar – semanalmente. Isso permite não só que você mantenha um acompanhamento de perto e permaneça constantemente estimulado, mas também que você perceba o que funciona melhor na rotina que você montou.

Preço e Disponibilidade: Nesse quesito, não tem nem o que discutir, o Vigilantes é, inegavelmente, o melhor custo-benefício. Não tem que marcar hora, não tem fila de espera. Certamente há uma reunião há 15 minutos de distancia de você. E o preço é bem camarada: R$50 a inscrição + R$25 por semana. E eles ainda vendem uns combos que tornam o preço ainda mais barato. Mas atenção: se você não for uma semana, perde o pagamento.

Estímulo: Sempre que puder, após a pesagem, assista a uma reunião. As histórias de sucesso e a “vibe” coletiva contagiam e você vai sair de lá com gás renovado para cumprir mais uma semana do Programa.

Mas, como nem tudo são flores, e eu prometo desde já não ser hipócrita neste blog, existem alguns pontos negativos também:

Impessoalidade: Como sua quota diária é calculada de acordo com seu peso e idade, não é levada em consideração sua estrutura corporal e massa muscular. Da mesma forma, seu peso ideal é calculado somente de acordo com altura e peso. Mas, sejamos francos, existe melhor forma de averiguar seu “peso ideal” do que pelo espelho?

Bagunça: Para os iniciantes e, principalmente, para os acostumados a consultórios de nutricionistas, a primeira reunião pode ser um pouco traumática. Em uma fila, paga-se as consultas. Em outra, aguarda-se a pesagem. Por fim, todos sentam em uma sala apertada para aguardar as instruções da orientadora. A primeira vista, parece um grupo de ajuda e você fica até um pouco constrangido por estar lá. Ao final da reunião, a orientadora pede que os iniciantes aguardem para receber instruções especificas – essas instruções são interrompidas por “retardatários” atrasados para a pesagem. A sorte é que você só passará por isso uma vez.

O Susto

Eu já sabia que estava acima do peso. As roupas – aquelas já compradas muito tempo depois de ter deixado o manequim 40 para trás, já não passavam mais dos meus joelhos. Já tinha passado do maior manequim disponível nas lojas que eu mais gostava. Já nem me reconhecia mais em fotos (sim, porque no fundo, a gente nunca se vê do tamanho que realmente está).

Ficava puta quando recebia olhares de reprovação da família e de amigos a cada vez que pedia sobremesa. Muito mais puta quando ouvia alguém me chamando de “gordinha” na rua. Voltava para casa frustrada todas as vezes que não recebia os mesmos olhares masculinos que recebia quando era mais magra.

Por pura insistência da minha mãe (ah, mães, sempre sábias), tomei coragem e fui a uma reunião dos Vigilantes do Peso. Já tinha ido a uma reunião anos antes e comparava as reuniões com um grupo de ajuda de gordinhos. E eu achava que não precisava de tanta ajuda assim, né? Eram só uns quilinhos...

Eis que subo na balança, antes do início da reunião, e quase fui dali direto pro hospital. O susto, o espanto, o horror. Eu, que a vida inteira pesei entre 60 – 70 kg (e nunca fui magrela), estava pesando 81,6 kg!! OITENTA E UM QUILOS E SEISCENTOS GRAMAS!!!

Como era possível estar 18,6 acima do peso que eu considerava ideal? Eu ainda lembrava o dia em que sai do consultório de uma nutricionista aos prantos porque estava pesando 72 kg. E agora eu já pesava 10kg a mais do que isso!!

E foi aí que a ficha caiu. E eu percebi que, no fundo, emagrecer só depende de mim. Da minha força de vontade e dos meus hábitos. E foi assim que, no dia 14 de janeiro de 2012, eu comecei a mudar a minha vida.